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Apresentação

O mundo atravessa, mais uma vez, o flagelo da guerra, ou de sucessivas guerras. E como consequência, é imperativo pensar na paz e na reconstrução de tudo o que a guerra destruiu, física, moral e eticamente.

O trabalho da arquitetura tem-se revelado decisivo e possui duas faces – dialéticas, paradoxais. Arquitetos para a guerra, e arquitetos para a  paz, às vezes exercendo o seu ofício em ambas as situações. 

Embora o tema tenha sido objeto de importantes reflexões materializadas em congressos, colóquios, exposições e obras escritas, crê-se que é oportuno convocar as disciplinas – a arquitetura e o design – para regressarmos a um processo de avaliação, hoje mesmo, mas numa perspetiva que é também histórica, e reportada a um passado mais distante, ou imediatamente atual, face aos desafios que a Europa (e o Mundo) enfrentaram e enfrentam.  Arquitetura de guerra e da destruição – quando não mesmo da repressão e da aniquilação; arquiteturas de paz, de rememoração, de reconstrução e reencontro humano, na paz – se a paz não for apenas um “intervalo”.

Se por um lado a arquitectura se encontra fortemente ligada à guerra na sua dimensão material transformando-se - por exemplo - em instrumento de defesa ou de ataque (fortificações, trincheiras, etc.), ajudando a conceber programas de reclusão, deportação e exterminação ou, de um ponto de vista representativo, na produção de uma mensagem de consenso e de força (os espaços monumentais para as massas), por outro lado, quando a arquitetura é um instrumento de paz, é o veículo privilegiado para a promoção de características imateriais, animadas por um profundo valor ético como a construção, ou reconstrução de memórias, identidades e comunidades, mesmo antes da modificação física do meio ambiente em que as pessoas vivem. Quando reflecte estes valores, pode alcançar - por exemplo - através da reconstrução de cidades destruídas durante a guerra, na construção de casas e bairros que reflitam com humanidade a reorganização e ordenamento social e político resultante do fim do conflito.